As medicações psiquiátricas não são em sua maioria específicas para um determinado transtorno mental. O psiquiatra utiliza o efeito delas em sintomas ou síndromes psiquiátricas presentes no paciente independentemente do diagnóstico principal. Isto visa trazer um alívio mais rápido dos sintomas, melhorar a resposta global do paciente ao tratamento e facilitar sua recuperação.
Uma comparação que ajuda a compreender esta questão é com os medicamentos anti-hipertensivos. Alguns agem na frequência cardíaca (como os betabloqueadores, por exemplo), outros na tensão da parede da artéria (bloqueadores de canais de cálcio) e outros estimulam a diurese (diuréticos). Todos eles podem ser utilizados para o tratamento da hipertensão e são considerados anti-hipertensivos. Porém existem outras indicações que nada tem a ver com a hipertensão, como os betabloqueadores que podem ser utilizados no tratamento das arritmias e da enxaqueca e os diuréticos que tratam inchaços nas pernas, edema de pulmão, doenças renais e inclusive na psiquiatria como adjuvante em alguns eventos de Ansiedade.
Outro exemplo são os antidepressivos, são dezenas deles e com diferentes mecanismos de ação e efeitos colaterais. Eles possuem outras indicações para tratar doenças como a ansiedade generalizada, fobia social, TOC, pânico e até mesmo ejaculação precoce e dor crônica. Indicações tão diferentes podem estar presentes em um mesmo medicamento, mas nem sempre constam das bulas dos produtos.
O mesmo ocorre com a classe dos estabilizadores de humor e dos antipsicóticos. Classicamente indicados para o tratamento do transtorno bipolar e da esquizofrenia respectivamente, hoje eles têm eficácia comprovada em outras doenças, como depressão, transtornos de personalidade, epilepsia, transtornos compulsivos, transtornos de conduta, dependência química, etc.
Equipe GyMBrain